Uma Reflexão: Habilidades humanas na era da  Inteligência Artificial

Uma Reflexão: Habilidades humanas na era da Inteligência Artificial

Em um mundo remodelado pela tecnologia, no qual o universo empresarial lida com plano de negócios, projeções financeiras, orçamentos, indicadores de lucratividade e produtividade, quais serão as habilidades humanas que precisaremos desenvolver? A Intuição, imaginação, empatia, resiliência…?

São muitas as teorias futuristas e em uma delas, destaca-se que a Inteligência Artificial marcará o fim de trabalhos sem significado, nos libertando das tarefas monótonas e tediosas. Fala-se também de Organizações Exponenciais, que crescem exponencialmente pois são alimentadas pela “tecnologia exponencial”, prevendo que a inteligência artificial ou superinteligência irá superar a tomada de decisão humana.

Confesso minha preocupação com o futuro e com o papel do homem neste cenário. Entretanto, encontrei outras reflexões, nas quais depositei minha crença, de que a progressão intelectual do homem também aumentará exponencialmente. Descobriremos maneiras mais eficazes de fazer as coisas, assim como também descobriremos melhores formas de aprender.

Um autor que venho acompanhando, Tim Leberecht, de forma brilhante afirmou:

“Não precisamos de mais “organizações exponenciais”, precisamos de organizações que sejam exponencialmente mais humanas.” 

“Só prosperaremos se continuarmos investindo naquilo que nos torna inerentemente humanos: vulnerabilidade, empatia, intuição, emoção e imaginação”.

Com estas questões, voltei a ler Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, em seu livro Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar. Kahneman mostra uma visão inovadora sobre como a mente funciona e seu entendimento sobre o julgamento e tomada de decisões.

Ele faz referência a dois sistemas de processamento no nosso cérebro, que ele mesmo apelidou como Sistema 1, rápido e o Sistema 2, devagar.

O Sistema 1 trabalha automática e rapidamente com pouquíssimo esforço. Ele é dirigido por emoções, associações, baseando-se em nossos instintos, intuição, em experiências armazenadas na memória. 

Já o Sistema 2 é raciocinador, tem crenças, faz escolhas e decide o que pensar e o que fazer a respeito de algo. Ele se envolve nas atividades mentais mais trabalhosas e estão associadas com as experiências subjetivas, escolha e concentração.

O Sistema 1, por exemplo, responde automaticamente que a operação 2×2 = 4. Agora, para resolver a operação 17 x 24, o Sistema 2 será acionado. A resposta não será automática, demandará concentração, análise, esforço.

A interação entre estas duas formas de pensar é fascinante e Kahneman vai demonstrando como nossas ações e tomada de decisão são afetadas pela nossa intuição, por filtros, vieses cognitivos e percepções distorcidas de como as coisas são.

Com este embasamento, acreditamos que é possível pensar e decidir de forma integral e abrangente, diminuindo nossos vieses para que nossa percepção do mundo seja mais adequada, nosso pensamento mais adaptativo, criativo, imaginativo e assim poder lidar com o cenário complexo que a tecnologia está nos trazendo.

Por Angela Sardelli

Vox Consulting

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