Não sei se causará surpresa para algumas pessoas, mas para mim, há algum tempo, quando me perguntaram a diferença de emoção e sentimento, titubeei na resposta! Bem, vou descrever então a minha construção no entendimento desta diferença. Descobri que primeiro vem a emoção e depois o sentimento. Emoção é automática, predominantemente inconsciente, ou seja, abaixo da nossa linha de percepção e existe para garantir nossa sobrevivência. Ela está na maior parte das vezes associada a estímulos externos. Ao ver a pessoa amada, o coração bate mais depressa, a pele pode corar ou, ao receber a notícia da morte de algum amigo, o coração dá um sobressalto, a boca fica seca, a pele fica pálida. Ou ainda quando nos deparamos com uma situação perigosa, a pupila vai dilatar, o coração vai bombear mais sangue, a adrenalina invadirá nosso corpo. Enfim, emoção é um sistema de reações inatas que acontecem dentro do nosso corpo e servem para gerar comportamento e garantir nossa sobrevivência. Segundo a Neurociência, são classificadas de acordo com duas dimensões: intensidade e valência. A primeira varia de “calmo” a “excitado”, e a segunda pode ser classificada em “negativa” ou “positiva”, dependendo se provocam prazer ou desprazer. Se o estímulo provocar prazer, o comportamento será de aproximação e se o estímulo for negativo, provocará afastamento ou fuga. Já a dimensão da intensidade determinará o impacto da emoção sentida, ou seja, quanto ela será positiva ou negativa.
E o que podemos dizer do sentimento? Sentimento é a experiência mental, é a interpretação da emoção. Eles estão juntos, interconectados, um provoca o outro.
A neurociência nos prova que as emoções são resultado de uma orquestra cerebral, e como diz o grande neurocientista Antonio Damásio: “A felicidade é um estado mental ativado pelo sistema límbico”, “As emoções ocorrem no teatro do corpo e os sentimentos ocorrem no teatro da mente”.
O sistema límbico possui várias estruturas cerebrais interconectadas, que estão situadas no encéfalo (área interna do cérebro) como o hipotálamo, hipocampo, amígdala, entre outras. Elas organizam os comportamentos mais importantes ligados à nossa sobrevivência, gestão e a regulação das nossas emoções, dos mecanismos cerebrais relacionados a memória e aprendizado.
Desta forma, é vital reconhecer e nomear adequadamente as emoções para garantir nosso equilíbrio físico, emocional e desenvolvimento de habilidades para construir relações pessoais e profissionais mais saudáveis, harmoniosas e com propósito.
Há centenas de emoções e com muitas combinações, variações, mutações e matizes segundo o psicólogo e escritor Daniel Goleman.
Antonio Damásio propõe uma classificação de três tipos de emoções:
• Primárias – consideradas inatas, comuns a todos os indivíduos da nossa espécie (alegria, tristeza, medo, nojo, raiva e surpresa)
• Secundárias ou sociais – variam de acordo com a cultura e o contexto sociocultural (empatia, culpa, vergonha ou orgulho)
• Emoções de fundo – têm como gatilhos os próprios estados internos do organismo, estão mais relacionadas ao mundo interno do ao mundo externo (tensos, cansados, fadigados, com muita energia ou não).
Nos anos 1970, o psicólogo Paul Ekman dedicou-se ao estudo de 7 emoções básicas (verificou serem inatas a todos os seres humanos e comuns a todas as culturas com diferentes expressões associadas):
• Tristeza
• Raiva
• Surpresa
• Medo
• Nojo
• Desprezo
• Alegria
Por fim, acredito que com esta pequena gama de informações, podemos confirmar a complexidade e importância que as emoções exercem em nossas vidas, na nossa mente, nas nossas relações pessoais e profissionais. Compreendo que não podemos classificar as emoções em boas ou ruins, e sim úteis. O desafio é identificá-las, entendê-las e regulá-las. Para caminharmos neste momento tão difícil, incerto e que está provocando tanto sofrimento, isolamento, precisaremos aprender a ler nossas emoções, compreender as perspectivas e o mundo emocional do outro, expressar adequadamente nossas emoções, desenvolver muita flexibilidade para nos adaptarmos à esta nova realidade.
Falar então sobre Inteligência Emocional, acho que será importante, não é? Tema para um próximo post….
“A emoção é o momento em que o aço encontra a pedra e provoca uma faísca, pois a emoção é a principal fonte de qualquer tomada de consciência.” Carl Gustav Jung
Angela Sardelli – Vox Consulting
Bibliografia
- O Erro de Descartes – Emoção, Razão e o Cérebro Humano- Companhia das Letras- 2018- São Paulo
- O Código Ekman – Paul Ekman, Dr Feitas Magalhães
Bibliografia
- O Erro de Descartes – Emoção, Razão e o Cérebro Humano- Companhia das Letras- 2018- São Paulo
- O Código Ekman – Paul Ekman, Dr Feitas Magalhães
Goleman, Daniel – Inteligência Emocional- Editora Objetiva – Rio de Janeiro – 1995
Goleman, Daniel – Inteligência Emocional- Editora Objetiva – Rio de Janeiro – 1995
Bibliografia
- O Erro de Descartes – Emoção, Razão e o Cérebro Humano- Companhia das Letras- 2018- São Paulo
- O Código Ekman – Paul Ekman, Dr Feitas Magalhães
Goleman, Daniel – Inteligência Emocional- Editora Objetiva – Rio de Janeiro – 1995
